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Entre o Cerrado e a Mata Atlântica, no coração do interior paulista, vive um gigante silencioso. Com cerca de 600 anos, ele nasceu antes mesmo de o Brasil existir — e continua de pé, testemunhando séculos de história. Seu nome é Patriarca, um imponente jequitibá-rosa (Cariniana legalis) localizado no Parque Estadual de Vassununga, em Santa Rita do Passa Quatro (SP). Um Tesouro da Natureza Brasileira Estima-se que o Patriarca tenha brotado por volta de 1.400, em uma época em que as florestas cobriam o território brasileiro de forma quase contínua. Hoje, ele mede aproximadamente 42 metros de altura e 4 metros de diâmetro, sendo considerado a árvore viva mais antiga do Brasil. Pesquisas realizadas pelo professor Mário Tomazello Filho, da ESALQ/USP, confirmam sua idade por meio da técnica da dendrocronologia — o estudo dos anéis de crescimento das árvores. Como se Estima a Idade de uma Árvore A dendrocronologia é uma ciência fascinante que permite determinar a idade das árvores e compreender como o clima influencia seu crescimento. Conforme explicado nos painéis exibidos no Centro de Visitantes do Parque, ela estuda os anéis de crescimento anual formados no lenho (madeira). Segundo a equipe da ESALQ/USP (professores Cláudio Sérgio Lisi e Mário Tomazello Filho): “Os anéis de crescimento são formados por mudanças periódicas nas células que constituem o lenho. Cada anel representa aproximadamente um ano de vida, e sua espessura varia conforme as condições ambientais.” Durante as estações chuvosas, o crescimento é mais rápido, formando anéis largos e claros. Nas épocas secas ou frias, o crescimento desacelera, resultando em anéis finos e escuros. Essas variações são registros naturais da história climática — uma verdadeira linha do tempo da floresta. Essa mesma metodologia foi utilizada para datar o Patriarca de Vassununga, cuja idade foi estimada entre 580 e 600 anos, tornando-o mais velho que o próprio Brasil. Foto: seção transversal de tronco exposta no laboratório de dendrocronologia ESALQ/USP, com 144 anéis visíveis de um jequitibá-rosa estudado O Jequitibá-Rosa: Símbolo de Grandeza e Resistência O jequitibá-rosa (Cariniana legalis) é uma das espécies mais emblemáticas da Mata Atlântica. Ocorre em São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e norte do Paraná, podendo atingir até 60 m de altura. Devido ao desmatamento secular, hoje encontra-se classificado como vulnerável à extinção, segundo o painel informativo do próprio Parque. O Patriarca é o maior exemplar encontrado no Parque Estadual de Vassununga e mede 4 m de diâmetro e 40 m de altura. Gráfico: A Vida de um Jatobá. Fonte: Revista Pesquisa FAPESP – “Os Círculos do Tempo”, por Marcos Pivetta, publicado em novembro de 2013. 🔗 Leia o artigo completo O gráfico ilustra como os anéis de crescimento registram as variações ambientais ao longo do tempo. Em 60 anos de observação, os pesquisadores analisaram o índice de crescimento de dois jatobás — o jatobá-do-cerrado (Hymenaea stigonocarpa) e o jatobá-da-floresta (H. courbaril) — mostrando como fatores climáticos, como chuvas e períodos de seca, alteram a largura de cada anel anual. Nos anos chuvosos, o tronco cresce mais rapidamente e forma anéis largos; já em períodos secos ou frios, o crescimento desacelera e os anéis ficam estreitos, funcionando como um registro natural do clima e da história ambiental. O mesmo princípio científico é utilizado nos estudos do jequitibá-rosa “Patriarca”, no Parque Estadual de Vassununga, para estimar sua idade e entender as mudanças climáticas que marcaram seus séculos de vida. O Parque Estadual de Vassununga Criado em 1970, o Parque Estadual de Vassununga foi concebido para preservar as últimas florestas de jequitibás-rosa e fragmentos de Cerrado e Floresta Ripária da região. Com 2.071 hectares, é dividido em seis glebas: Capetinga Leste e Oeste, Praxedes, Maravilha, Capão da Várzea e Pé de Gigante. “Na Trilha dos Jequitibás, o visitante poderá reverenciar o exemplar de jequitibá-rosa conhecido como ‘O Patriarca’, digno representante da espécie — um verdadeiro monumento natural e um tributo à natureza e à vida.” (Painel institucional – Fundação Florestal, Governo do Estado de SP) Visitar o Patriarca O Parque Estadual de Vassununga, criado em 1970, está situado às margens da rodovia Anhanguera (SP-330), em Santa Rita do Passa Quatro. Ali, a Trilha dos Jequitibás convida os visitantes a caminhar entre árvores centenárias, escutando o som do vento e percebendo o tempo de outra forma — o tempo da natureza. Além do Patriarca, é possível conhecer a Matriarca, uma árvore vizinha ainda mais alta, com 44 metros de altura. O Exemplo que Inspira Assim como o Patriarca, cada árvore plantada é um símbolo de esperança e continuidade. Ao olhar para esse gigante, entendemos o propósito da GlobalTree: plantar hoje o que sustentará as próximas gerações. Cuidar da terra é cuidar do futuro — e o Patriarca nos ensina, em silêncio, que o tempo da natureza é o tempo certo. Informações para Visitação 📍 Parque Estadual de Vassununga Rodovia Anhanguera (SP-330), km 245 – Zona Rural Santa Rita do Passa Quatro – SP Melhor época para visitação 🗓️ De abril a setembro, quando o clima é mais seco e agradável, ideal para caminhadas e observação da natureza. Durante os meses mais quentes e úmidos (outubro a março), ocorre maior proliferação de mosquitos, sendo recomendado evitar a visitação neste período ou obrigatório o uso intenso de repelente e roupas leves de manga comprida. Centro de Visitantes 📞 (19) 3582-1807 💬 WhatsApp/Telefone: (19) 97163-7206 Administração 🌿 Instituto Florestal | Fundação Florestal Secretaria do Meio Ambiente – Governo do Estado de São Paulo Programa 🌿 Trilhas de São Paulo – www.trilhasdesaopaulo.sp.gov.br Ouvidoria 📞 (11) 3133-3479 / (11) 3133-3487 📚 Fonte principal: National Geographic Brasil – “Qual é a árvore mais antiga do Brasil? Spoiler: ela tem mais de 600 anos” (publicado em 19 de setembro de 2025). 🔗 Leia o artigo completo aqui
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